Inverno Agreste
Cai a neve de mansinho
e, com seu manto de arminho,
reveste as pedras do chão;
cai a neve dos telhados,
vai caindo pelos prados...
e cai no meu coração.
Gelam os rios, as fontes,
gelam os campos, os montes,
tudo é gelo e solidão;
o frio é tanto, meu Deus,
que gela estrelas nos céus...
e gela o meu coração.
Sangra a fonte, num lamento,
queixumes que leva o vento,
numa dolente canção;
já falece a luz do dia,
sangra o Sol numa agonia...
e sangra o meu coração.
Cai a noite sem luar,
sem estrela a brilhar
nesta imensa escuridão;
há neve e frio na serra,
é noite escura na Terra...
e é noite em meu coração.
Braga, 1957/01/29
segunda-feira, 14 de junho de 2010
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