segunda-feira, 14 de junho de 2010

Inverno Agreste


Cai a neve de mansinho
e, com seu manto de arminho,
reveste as pedras do chão;
cai a neve dos telhados,
vai caindo pelos prados...
e cai no meu coração.

Gelam os rios, as fontes,
gelam os campos, os montes,
tudo é gelo e solidão;
o frio é tanto, meu Deus,
que gela estrelas nos céus...
e gela o meu coração.

Sangra a fonte, num lamento,
queixumes que leva o vento,
numa dolente canção;
já falece a luz do dia,
sangra o Sol numa agonia...
e sangra o meu coração.

Cai a noite sem luar,
sem estrela a brilhar
nesta imensa escuridão;
há neve e frio na serra,
é noite escura na Terra...
e é noite em meu coração.

Braga, 1957/01/29

domingo, 6 de setembro de 2009

Quem foi Lis Pena Rego?


Lis pena Rego é um dos Pseudónimos que o meu prodigioso avô usou, mas este tem a particularidade de ser um acrónimo. O Seu Verdadeiro nome é Ângelo Pires (todas as letras que existem em “Lis Pena Rego” existem em “Ângelo Pires” e isso é que é um acrónimo).
Eu criei este blog, porque apesar de ter vivido com ele apenas 10 anos, ele foi das pessoas mais marcantes e influenciáveis na minha vida, também porque cada vez mais sinto a necessidade de partilhar os seus poemas com mais alguém. Pois estes poemas já foram partilhados com milhares de pessoas leitoras do jornal onde ele publicou os seus poemas (por cada terra que passou). Além dos poemas também costumava fazer publicações de divulgação científica (as ciências foi o conteúdo que ele aprofundou muito mais, pois fez a licenciatura de Engenheria electrotécnica em tempos verdadeiramente duros. Eram poucas as pessoas que iam para a universidade, apenas as de classe alta, mas esse não foi o caso dele).
Enfim, para quem quiser ver a biografia dele, aqui está.

http://www.oregional.pt/noticia.asp?idEdicao=346&id=11482&idSeccao=3504&Action=noticia

Lis pena Rego ficou invisual aos 49 anos, portanto viveu 27 anos cego (o que de alguma maneira influenciou os seus poemas). Assim, a grande maioria dos poemas que escreveu foram escritos à maquina por ele próprio, sem sequer usar uma folha de rascunho.
Acho que posso dizer que não vou publicar os poemas dele de forma aleatória, pois vou escolher um a um consoante o meu sentimento, ou o que me der na telha.
Vou partilhar este poema, porque recentemente inspirou-me a escrever algo.


Aqui está um terceto, mas ao contrário!! xD

Barca da Vida

Vê por onde segues, ó barca da vida,
neste mundo louco, despido de amor,
onde crescem vícios e falta o pudor.

Naufraga a esperança que fica perdida,
sem que ver possamos desta humanidade
nascer a semente da fraternidade.

Foge das *procelas mar traiçoeiro,
que traições não faltam nesse lamaçal
onde o bem se acaba mas começa o mal,
no tempo da vida, que passa ligeiro.

Leva-nos contigo no rumo certeiro
deste mundo ingrato, prisão temporal,
para a vida eterna, destino final
que os homens pretendem por bem derradeiro.

S.João da Madeira, 8 de Janeiro de 1989

*Procela - tormenta no mar